PROJETO DE ESTÁGIO – PLANEJANDO A EXPERIÊNCIA DE DOCÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
INTRODUÇÃO:
Pensar
em projeto é parar para analisar o que o mesmo representa e compreende os
vários tipos de projetos existentes na área da educação. Vários autores dizem
que a origem a palavra “projeto” é derivada do latim projectus, que significa
lançar para frente. É necessário compreender que no trabalho por projetos as
pessoas se envolvem pra descobrir ou produzir algo novo rompendo as limitações,
portanto é preciso conhecer os cinco tipos de projetos existentes na educação
como: projeto de trabalho, projeto de ensino, projetos de desenvolvimentos (ou
de produto), projetos de pesquisa e projetos de intervenção, onde os mesmos
podem enriquecer as práticas dos educadores avaliados com o grupo escolar todos
terão um projeto rico e bem desenvolvido, enriquecendo assim o trabalho e a
aprendizagem.
“Não se pode
ter projetos pelos outros”.
Machado (2000)
Segundo
Machado os projetos devem ser bem elaborados por nós e não utilizarmos os dos
outros, bem como um professor não deve elaborar seu projeto e querer que seus
alunos sigam tal qual está ali e sim dar subsídios para que eles possam
elaborar os deles, serão níveis distintos, mas que irão articular as interações
em sala e aula, pois uma das importâncias de um projeto é a autoria, seja ela
individual, em grupo ou coletiva. Sem esquecer que ao se elaborar um projeto os
conhecimentos ficam mais ricos.
“Não se faz
projeto quando se tem certezas, ou quando se está imobilizado por dúvidas”.
(Machado
2000, p.7)
Mais uma
vez Machado deixa claro a importância de um projeto, é preciso compreender que
ao se trabalhar com um projeto, as pessoas se envolvem para descobrir ou
produzir algo novo, estão a procura de respostas para um problemas que está
afetando sua realidade.
Por existir cinco tipos de projetos cabe a cada professor
escolher o que melhor atende ao seu trabalho, sendo que cada um tem sua
singularidade e importâncias ímpares na vida de cada profissional.
Diante de
tudo o que foi citado fica claro a importância de se trabalhar com projetos no
âmbito educacional e quanto este estágio pode ajudar para que cada profissional
possa conhecer e por em prática o que sabe sobre trabalhos com projetos como
forma de ajudar a solucionar problemas que venha a acontecer na etapa de
estágio.
Portanto
cada conhecimento adquirido sobre projeto irá proporcionar o enriquecimento da
prática do educador nos conhecimentos práticos dos educandos, pois segundo
Paulo Freire e Prado:
“Delinear um
percurso possível que pode levar a outros, não imaginados a priore”.
(Freire e
Prado, 1999, p. 113)
Será o
momento de passar para turma o que foi conhecido durante o curso, à hora de
troca mútua de experiência entre professor-aluno e aluno-professor.
JUSTIFICATIVA:
O Estágio é um
momento de fundamental importância no processo de formação profissional.
Constitui-se em um treinamento que possibilita ao estudante vivenciar o
aprendido na Faculdade, tendo como função integrar as inúmeras disciplinas que
compõem o currículo acadêmico, dando-lhes unidade estrutural e testando-lhes o
nível de consistência e o grau de entrosamento. Por meio dele o estudante pode
perceber as diferenças do mundo organizacional e exercitar sua adaptação ao
meio empresarial.
O Estágio
Supervisionado representa uma fase de extrema relevância para a formação do
educador e é um momento de interação com a realidade escolar, respeitando suas
particularidades e superando os desafios de forma criativa, inovadora, crítica
e reflexiva, onde visa preparar e instrumentalizar, teórica e tecnicamente, o
licenciando em Pedagogia para a atuação nas instituições de Educação Infantil,
como forma de estabelecimento da experiência direta junto a profissionais,
crianças, famílias e cotidiano destas instituições. Este funciona como uma
“janela do futuro” através do qual o aluno antevê seu próximo modo de viver.
Deve ser uma passagem natural do “saber sobre” para o “saber como”, um momento de
avaliação do aprendizado teórico e prático em confronto com a realidade.
O Estágio
Supervisionado tem cumprido de forma eficiente o papel de elo entre os mundos
acadêmico e profissional ao possibilitar ao estagiário a oportunidade de
conhecimento da administração, das diretrizes e do funcionamento das
organizações e suas inter-relações com a comunidade. A concepção que dá
alicerce para o estágio supervisionado está fundamentada no principio da
ação-reflexão pedagógico o que exigirá do estagiário observar, refletir e
exercitar o fazer pedagógico a partir desse primeiro no decorrer de todo esse
processo. É parte importante e
imprescindível na formação acadêmica, assim a prática de Estágio
Supervisionado, contribui com a formação teórico-prática do Estudante
Estagiário, ampliando sua formação profissional por meio de vivências, de
experiências próprias no ambiente educacional.
O
planejamento é fundamental durante a execução do Projeto, é o processo pelo
qual analisamos qual o melhor processo de reflexão, de decisões sobre a
organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição.
A todo o
momento o ser humano planeja suas ações, suas decisões, seu trabalho, sua vida,
enfim. Com o ofício docente não é diferente. As boas práticas em sala de aula
mostram-se eficientes e eficazes no cenário educacional justamente porque foram
planejadas, a partir de uma postura reflexiva sobre a prática a ser
empreendida.
O
planejamento de ensino é à base de todo o currículo escolar. Planos de ensino,
diretrizes, parâmetros, planos de aula, planos de atividade, todos, cada um em
sua instância, são tarefas do planejamento de ensino. É a partir do
planejamento que o professor, o dirigente, o coordenador, o educador podem
perscrutar sua atuação e possibilitar ao aluno um resultado eficaz e eficiente;
tendo, como resultado a reconstrução do bom status de sua profissão.
OBJETIVOS:
Objetivos Gerais:
Garantir ao futuro
licenciado conhecimentos em interação com a realidade educativa a fim de
prepará-lo para exercer as competências exigidas na prática profissional
relativas ao contexto da Educação;
Promover a inserção de
estudantes da Licenciatura em Pedagogia em instituições de Ensino Fundamental,
por meio de atividades de observação, Coparticipação e regência, contribuindo
para uma formação teórico-prática significativa e consistente.
Objetivos Específicos:
Observar, registrar e
refletir à prática educativa do docente;
Permitir um
diagnóstico apurado de elementos importantes para o desenvolvimento da práxis
pedagógica;
Ajudar o educador na
elaboração do planejamento, na execução das atividades, auxílio na correção dos
exercícios, organização de atividades e no cumprimento da rotina das crianças;
Exercer a docência e
outras atividades do Projeto em instituições campos de Estágio.
Dominar conhecimentos
do campo teórico–investigativo da educação, do desenvolvimento do trabalho
pedagógico com base na articulação teoria-prática;
Compreender princípios
teórico-metodológicos do ensino da(s) área(s) de conhecimento que se
constitua(m) objeto da prática pedagógica;
Fomentar o desenvolvimento, em suas múltiplas
dimensões, e as aprendizagens de crianças dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, assim como dos sujeitos que não tiveram oportunidade de
escolarização em idade própria;
Trabalhar, em espaços escolares e
não-escolares, na promoção da aprendizagem em diversos níveis e modalidades do
processo educativo;
Identificar as múltiplas formas de
organização do ensino e seus elementos fundantes, articulado às ações dos
diversos setores da instituição em torno de projetos coletivos;
Organizar projetos educativos capazes de
potencializar metodologias e recursos pedagógicos no processo de aprendizagem
em espaços escolares e não escolares;
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS:
Constamos
que ainda há uma grande diferença entre o ritmo da vida e o da escola. Há
uma falta de motivação dos alunos em relação à aprendizagem, que tem sido
caracterizada como fonte de dificuldade para os professores ministrarem suas
aulas e os próprios alunos construírem e aprenderem conteúdos de relevância
para o processo ensino/aprendizagem.
Partindo do pressuposto de que o ser humano é um ser social, que se constrói a
partir das interações que realiza durante sua vida. E que a escola possuiu uma
enorme responsabilidade na formação dos indivíduos da espécie humana, este
projeto se desenvolverá com o uso de metodologias que possibilitem uma maior
interação entre os alunos, professores – alunos, comunidade escolar – alunos,
possibilitando assim o desenvolvimento das atividades. Para que assim possam
alcançar os objetivos pensados para o Ensino Fundamental, para este projeto.
Etapa de Observação:
A Etapa de Observação caracteriza-se pela
possibilidade de investigação da prática pedagógica, de acordo com a concepção
de estágio como pesquisa. É um momento em que o estagiário aproxima-se do campo
com a finalidade de observar como ocorre a prática em suas múltiplas dimensões:
pedagógica, política, afetiva e técnica.
É importante desconstruir a imagem da
observação como sendo um momento em que o estagiário entra numa sala de aula,
senta-se ao fundo e apenas olha o professor com seus estudantes, sem extrair
disso elementos para pensar e problematizar a prática observada.
É importante, sim, entrar e observar uma aula.
Mas, essa observação deve fornecer os dados para que o estagiário analise o
fenômeno educativo. Também é importante que a observação não seja apenas uma
atividade fechada em uma etapa. Ao contrário, o estagiário deve estar
observando sempre, em todas as etapas do estágio.
Desta forma, o registro é essencial, onde o
estagiário deve registrar/anotar suas observações de maneira que essas
anotações sejam informações fundamentais para orientar seu pensamento sobre a
docência e sua futura prática docente.
µ
Estratégias de
Observação:
• Conhecer previamente a escola e a classe a
ser observada;
• Apresentar-se ao professor e informar sua
proposta. Demonstrar atitude colaborativa;
• Relacionar o que deve ser observado, quais
categorias serão analisadas.
Por exemplo:
Características dos estudantes;
Os
conteúdos trabalhados;
O
planejamento do professor;
Os
procedimentos de ensino utilizados com mais frequência;
Estratégias
e critérios de avaliação;
Técnicas de ensino;
Dificuldades encontradas pelo professor e seus estudantes;
A
relação professor-estudante em classe e fora dela.
• Estar atento para as eventualidades: muitas
vezes ocorrem fatos importantes e, por não estarem planejados, não foram
percebidos;
• Dialogar com o professor sempre que possível;
• Fazer registros fotográficos, filmes, quando
for possível;
• Ter atenção para o fato de que sua observação
se dará sobre pessoas; portanto, ter sempre atitudes éticas.
µ
Instrumentos
relacionados na Observação:
Após
a definição do que deve ser observado, deve planejar a maneira como deverá
registrar suas impressões. Onde, pode utilizar dois instrumentos básicos:
• Diário reflexivo – você pode organizar um
caderno para fazer o seu diário. Pode registrar aleatoriamente, de acordo com
os acontecimentos observados. Pode
também, de maneira mais sistemática, dividir o caderno por seções, sendo cada
seção reservada para uma das categorias selecionadas para a observação.
• Fichas de análise – elabore uma ficha para
cada categoria a ser observada. Por exemplo: Ficha de categorias dos
estudantes. Registre nesta ficha suas
impressões.
Na verdade, estes dois instrumentos são muito
parecidos. Entretanto, o diário
reflexivo permite que o estagiário não fique preso às categorias, podendo
registrar qualquer observação que julgar importante.
Além desses instrumentos, na etapa da
observação, o estagiário pode enriquecer o trabalho realizando uma entrevista
com o professor da classe, ou o coordenador da escola.
A inserção do
estagiário na escola-campo se dará pelo conhecimento que deverá ter na escola
como um todo: da estrutura e funcionamento do estabelecimento de ensino, dos
elementos que interferem direta e/ou indiretamente no processo de
ensino-aprendizagem e na interação da sala de aula.
Atividades a serem
desenvolvidas na inserção:
O estagiário irá observar o funcionamento geral
da escola, suas repartições, pessoal, documentação, critérios de avaliação,
filosofia da escola, enfim, conhecer minuciosamente o Projeto Político
Pedagógico da escola, conhecendo assim a realidade com a qual irá conviver ao
realizar seu estágio.
O estagiário deve prever quantos dias serão
necessários para o cumprimento da carga horária de observação. A partir daí,
elabora seu cronograma, definindo o que será feito em cada um dos dias.
Cronograma de
Execução da Etapa de Observação:
|
|||||
DIA / DATA
|
SEG /
21.11.11
|
TER
22.11.11
|
QUA
23.11.11
|
QUI
24.11.11
|
|
ATIVIDADE /
INSTRUMENTO
|
Ler e analisar o planejamento do professor / Diário
reflexivo
|
Observar as dificuldades encontradas pelo professor e
seus estudantes / Diário reflexivo
|
As relações professor-diretor da escola;
|
As características da proposta pedagógica da escola;
/ Diário reflexivo
|
|
Observar as características dos estudantes / Diário
reflexivo
|
Os aspectos didático-metodológicos utilizados / Diário
reflexivo
|
As relações interpessoais na escola;
/ Diário reflexivo
|
A estrutura física da instituição;
/ Diário reflexivo
|
||
|
Registrar os procedimentos de ensino utilizados com mais
freqüência / Diário reflexivo
|
Analisar as Técnicas de ensino do professor regente /
Diário reflexivo.
|
A relação professor – estudante em classe e fora dela /
Diário reflexivo
|
A concepção de educação que sustenta a proposta
pedagógica da escola; / Diário reflexivo
|
|
Analisar as estratégias de avaliação / Diário reflexivo
|
Os instrumentos e concepções de avaliação / Diário
reflexivo
|
Os recursos didáticos disponíveis na escola, / Diário
|
Observar os
critérios de
avaliação / Diário reflexivo
|
||
Etapa de
Coparticipação:
Nesta
fase o Estagiário auxiliará o professor regente de classe no planejamento,
realização e avaliação das atividades de ensino. Sugestões que podem ser
incorporadas ao planejamento do Estágio.
A
etapa da Coparticipação é um momento privilegiado de pesquisa da prática, na
qual o estagiário pode utilizar-se tanto de diversos instrumentos aplicados,
como dar continuidade à observação, buscando analisar as respostas, os
comportamentos dos estudantes, bem como a atuação do professor.
É
importante não permitir que a Coparticipação se resuma em uma atividade
dissociada dos objetivos do estágio, cujos resultados não contribuam com a
formação do estagiário.
Os registros devem ser
mantidos... A cada atividade realizada,
novas informações podem ser acrescentadas ao planejamento do Estágio.
O
estagiário deverá observar e participar das aulas, aplicando os conhecimentos
adquiridos durante o curso, como recurso fundamental a sua aprendizagem, nas
atividades de observação das aulas na co-participação e no auxílio à regência.
O acadêmico deverá ter em mãos um caderno e a ficha de freqüência para anotar
todas as observações feitas durante este período, as quais deverão ser sempre
discutidas nas aulas de Atividades de Orientação e na elaboração do relatório.
Esta etapa
é basicamente caracterizada pela possibilidade de o estagiário realizar
pequenas ações, interagindo com o professor e os estudantes. Digamos que é uma
fase intermediária, na qual o estagiário deve participar da dinâmica da sala de
aula.
Há
divergências sobre o que deve, de fato, ocorrer nesta etapa. Entretanto podemos
considerá-la mais simples que a observação, uma vez que o estagiário já está
melhor ambientado, conhecendo os
estudantes e professores, bem como todo o complexo da escola.
Em algumas
instituições as atividades de Coparticipação ficam restritas ao planejamento
coletivo do estagiário junto com o professor e à presença em reuniões
pedagógicas. Outras preveem que os estagiários realizem atividades auxiliares
do ensino, o que, em muitos casos, se reduz às tarefas mecânicas de recorte,
colagem, confecção de cartazes etc.
De qualquer modo, esta é uma fase preparatória para a
regência de classe. Desta forma, o estagiário deve aproveitá-la para
sistematizar e problematizar as informações adquiridas através da observação,
replanejar e realizar algumas práticas, já anunciando como será a próxima
etapa do seu projeto de estágio: a regência.
O
estagiário deve prever quantos dias serão necessários para o cumprimento da
carga horária de Coparticipação. A partir daí, elabora seu cronograma,
definindo o que será feito em cada um dos dias.
Cronograma de
Execução da Etapa de Coparticipação:
|
|||||
DIA / DATA
|
SEX /
25.11.11
|
SEG
28.11.11
|
TER
29.11.11
|
QUA
30.11.11
|
|
ATIVIDADE /
INSTRUMENTO
|
Supervisionar
Atividades diversificadas;
|
Elaborar projetos;
|
Planejar trabalhos de campo.
|
Selecionar
textos de interesse
para a
disciplina;
|
|
Selecionar e
aplicar exercícios
|
Selecionar e aplicar recursos didáticos;
|
Preparar aulas práticas;
|
Assistir às Reuniões de Pais;
|
||
|
Observar e
auxiliar atividades complementares
tais como: horta
|
Acompanhar a turma em atividades extraclasse;
|
Auxílio na correção de exercícios;
|
Estudo do sistema de avaliação da escola;
|
|
Preparar material didático;
|
Análise de livros didáticos;
|
Elaboração de atividades avaliativas;
|
Auxilio no preenchimento do diário de classe
e na elaboração de pareceres descritivos dos estudantes etc.;
|
||
Docência: Regência de
Classe:
A Regência de Classe será no período de
01.12.2011 à 12.11.2011.
Um
dos momentos mais esperados, ao mesmo tempo temidos, pelo estagiário, a
regência de classe se configura como uma etapa na qual o estagiário realiza
atividades de docência, executando o planejamento elaborado para este fim.
É a inserção definitiva do estagiário no
espaço da sala de aula, no exercício pleno da prática docente. O aluno desenvolverá
as atividades habituais e as especiais de um professor, tais como: regência de
classe, elaboração de planos de aula e acompanhamento da proposta pedagógica da
escola e é importante que haja um diálogo reflexivo com o regente da classe, a
fim de que este possa auxiliar o estagiário para que possa fazer um bom
trabalho.
Uma aula
expositiva e dialogada pode ser uma ótima atividade para formalizar um conceito
que já vem sendo estudado há semanas em um projeto didático.
Mas a mesma
aula expositiva pode ser uma péssima escolha quando se trata de iniciar o trabalho
com novos conteúdos ainda não problematizados com os alunos. Conteúdos diferentes precisam ser trabalhados
com atividades diferentes. Mas, para além de cada atividade e seu conteúdo, é
preciso pensar sobre a melhor articulação entre os diferentes conteúdos eleitos
para serem ensinados e aprendidos, e os diferentes tipos de atividades presentes
no trabalho pedagógico.
A aprendizagem não é um processo linear e
ocorre com sucessivas reorganizações do conhecimento. Por isso, se o ensino
estiver baseado em fragmentos de conhecimento correspondendo a intervalos de
tempo iguais, estará fadado ao fracasso. Esse problema tem se repetido em
nossas escolas no que diz respeito ao ensino e aprendizagem da leitura e da
escrita. Os professores propõem a mesma atividade a todos os alunos e espera
que todos a realizem no mesmo tempo, para dar prosseguimento ao “planejamento”.
Mas as crianças não aprendem no mesmo ritmo e, em poucas semanas, várias já não
conseguem compreender as propostas de atividade que o professor faz.
Para criar condições a fim de
flexibilizar o tempo e a retomada dos conteúdos, a autora Delia
Lerner sugere que
se ponha em
ação diferentes modalidades
organizativas do ensino,
que são: os
projetos, as atividades
habituais, as sequências de
atividades e as atividades independentes. Essas quatro diferentes modalidades
organizativas devem coexistir e se articular ao longo do trabalho
pedagógico.
Os projetos
Os projetos (também chamados de
projetos didáticos), que não devem ser confundidos com os
Projetos de Escola, são formas
organizativas do ensino cuja principal característica é ter
início em uma situação-problema e se articular em função de um propósito,
um produto final,
que pode ser
um objeto, uma ação ou os dois (um livro, um mural, um
prospecto de campanha, uma peça de teatro,
uma peça radiofônica,
um seminário). Uma qualidade importante dos projetos é oferecer
um contexto no qual o esforço de estudar tenha sentido, e no qual os alunos
realizem aprendizagens com alto grau de significação.
Não há um tempo ideal de duração de um
projeto, pois, dependendo dos objetivos traçados, ele pode durar dias ou até
meses. Os projetos de duração mais longa permitem ao professor compartilhar o
planejamento das ações voltadas à construção do produto final com seus alunos, desenvolvendo
também suas capacidades para elaborar cronogramas. Nesses casos, “uma vez
fixada à data em que o produto final deve estar elaborado, é possível discutir
um cronograma retroativo e definir as etapas que será necessário percorrer, as
responsabilidades que cada grupo deverá assumir e as datas que deverão ser
respeitadas para se alcançar o combinado no prazo previsto”. É a modalidade
organizativa do ensino que mais se afina com os trabalhos
interdisciplinares.
Além de oferecer, como já assinalamos
contextos nos quais a leitura ganha sentido e aparece como uma atividade
complexa cujos diversos aspectos se articulam ao se orientar para a realização
de um propósito – permitem uma organização muito flexível do tempo: segundo o
objetivo que se persiga, um projeto pode ocupar somente uns dias, ou se
desenvolver ao longo de vários meses. Os projetos de longa duração proporcionam
a oportunidade de compartilhar com os alunos o planejamento da tarefa e sua
distribuição no tempo: uma vez fixada à data em que o produto final deve estar
elaborado, é possível discutir um cronograma retroativo e definir as etapas que
será necessário percorrer, as responsabilidades que cada grupo deverá assumir e
as datas que deverão ser respeitadas para se alcançar o combinado no prazo
previsto. Por outro lado, a sucessão de projetos diferentes – em cada ano letivo
e, em geral, no curso da escolaridade – torna possível voltar a trabalhar sobre
a leitura de diferentes pontos de vista, para cumprir diferentes propósitos e
em relação a diferentes tipos de texto.
Atividades
habituais
As atividades
habituais são situações propostas com
regularidade – uma vez por semana
ou por quinzena, por exemplo. Podem ser utilizadas quando
um dos objetivos do
trabalho é formar
hábitos ou construir
atitudes. A roda de notícias é um
exemplo desse tipo de atividade: uma vez por semana, professor e alunos trazem
para a sala de aula matérias colhidas recentemente nos jornais, lêem e comentam
as notícias. A leitura de um romance também pode ser feita, passo a passo, por
meio de atividades habituais.
Um professor de Matemática de 1ª série
do Ensino Médio, que tem quatro encontros semanais com uma classe, desenvolve o
estudo de funções em três desses encontros, por meio de atividades seqüenciadas,
e uma vez por semana, desenvolve estudos estatísticos relacionados a um projeto
interdisciplinar que a turma está realizando, em colaboração com os professores
de Geografia e História. Esse encontro passa, então, a ser uma atividade
habitual, relativa ao desenvolvimento do projeto.
Atividades que se reiteram de forma
sistemática e previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante vários
meses ou ao longo de todo o ano escolar, oferecem a oportunidade de interagir
intensamente com um gênero determinado em cada ano da escolaridade e são
particularmente apropriadas para comunicar certos aspectos do comportamento
leitor. (...) As atividades habituais (ou permanentes) também são adequadas
para cumprir outro objetivo didático: o de favorecer a aproximação das crianças
a textos que não abordariam por si mesmas por causa da sua extensão. Ler cada
semana um capítulo de um romance é uma atividade que costuma ser frutífera
nesse sentido. A leitura é compartilhada: a professora e os alunos lêem
alternadamente em voz alta; escolhe-se um romance de aventuras ou de suspense
que possa captar o interesse das crianças e se interrompe a leitura em pontos
estratégicos, para criar expectativa.
Sequências de
atividades
As sequências de
atividades são situações articuladas que possuem um objetivo educativo
comum relativo a um ou mais conteúdos de
aprendizagem.
É a modalidade organizativa mais utilizada pelos
professores em seus planejamentos do ensino.
Seu tempo de duração varia de acordo com os conteúdos e com os
objetivos.
Situações
independentes
As situações independentes são situações
ocasionais em que algum conteúdo importante está em jogo e deve ser trabalhado
em sala de aula. Mesmo que esse conteúdo não tenha uma relação direta com o que
está sendo tratado nas seqüências didáticas ou nos projetos. Têm tempo de duração
variável, podendo ser um assunto que está interessando à comunidade escolar em
um determinado momento, ou mesmo uma discussão sobre um livro trazido à classe
por um aluno.
As situações
independentes são aquelas que, geralmente, correspondem a necessidades
didáticas surgidas no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. Uma aula
em que o professor sistematiza um conhecimento que este vê jogo no
desenvolvimento de um projeto recém-terminado. Dois exemplos:
• Professores de um
determinado ciclo preparam um debate, a
partir de um documentário em vídeo, em função da ocorrência nas imediações da
escola de fato
que envolve questões
de violência, ética
e que pedem uma intervenção educativa por parte dos
professores;
• Durante uma
discussão sobre notícias de jornal
(atividade habitual), um aluno trás um
artigo de jornal comentando uma
descoberta científica. A classe
demonstra grande interesse
pelo assunto, então,
o professor sugere a uma equipe
de alunos que prepare um seminário sobre o tema e marca uma atividade
independente para a apresentação.
Esse último exemplo nos faz lembrar que o
Planejamento do Ensino deve ser construído com flexibilidade, tendo um espaço
para que atividades independentes possam ser realizadas. A característica mais
marcante do ensino “tradicional” é colocar todos os alunos a “marchar” em passo
rápido e uniforme, pois sempre há uma quantidade enorme de conteúdos a serem “dados”.
Nada pode fugir ao rígido plano elaborado no início do ano e que deve ser
cumprido custe o que custar.
Combinando as
diferentes modalidades, o professor tem condições de organizar seu Plano de
Ensino de modo a proporcionar aos alunos processos de aprendizagem mais
significativos, articulando os diferentes conteúdos com as diferentes
modalidades e, dessa forma, evitando a fragmentação do conhecimento e
respondendo melhor ao desafio de ensinar.
ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de
Janeiro. LTC,1978.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.12.ed.
São Paulo: Cortez. 1986.
Pedagogia da Autonomia: saberes necessários
à prática educativa. 28. ed. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Metodologia do ensino superior. 3 ed. São Paulo: Atlas,1997
LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira de, TOSCHI Mirza Seabra.
Educação
Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
(Coleção Docência em Formação).
LIP – Leitura, interpretação e produção – PNLD. São Paulo: Editora do Brasil, 2004.
NÉRICE, Imídeo Giusepp. Didática do ensino superior. São Paulo: IBRASA, 1993.
PERISSÉ, Paulo. O educador aprendedor. São Paulo: Cortez, 2004.
PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade teoria e
prática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
http://www.univercidade.br/uc/cursos/graduacao/biolic/pdf/estagiosuperv.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário